Toc toc. Esse foi o som que escutei pela manhã; não queria atender
a porta, afinal, o dia foi difícil. Fingi que não havia ninguém em casa, embora
que... pensando bem, onde eu estaria a não ser em minha casa? Encolhi-me na
cama e fiquei o mais quieta possível. Toc toc.
--Annabethy você está ai?
Não consegui reconhecer quem era, mas a
voz era feminina. Encolhi-me ainda mais na cama e as lágrimas começaram a cair,
recordei do dia anterior.
-- Annabethy você está linda!
-- Obrigada. Estou tão nervosa! Já está
tudo certo? Esse será o melhor dia da minha vida, tem que ser perfeito!
-- Já está tudo certo, as daminhas já
estão prontas, o pastor já esta te esperando na igreja e o seu noivo também já
esta lá! Só falta você.
-- Ok. Então eu vou.
Toc toc.
-- Annabethy eu sei que você está ai!
Atende a porta, eu vim te ajudar!
Sentei-me na cama, atender ou não atender?
Seja quem fosse iria fazer milhões de perguntas e eu não quero responder a nenhuma.
Mas... pensando bem, talvez um pouco de ajuda iria me fazer bem.
Fui até a porta, a casa estava uma
bagunça, as flores do meu buquê já estavam murchas e meu lindo vestido jogado e
amassado na sala. Atendi a porta.
-- Annabethy! Como você está? Pensei em
você a noite toda, não poderia te deixar sozinha agora.
Como eu estou? Que pergunta mais
retórica.
-- Estou melhor Sophia, obrigada por ter
vindo. Entre.
Sophia é a irmã do meu noivo. A última
pessoa que pensei que iria me visitar e a ultima que queria ver.
-- Depois do que aconteceu ontem, não
podia te deixar aqui. Pode ser perigoso e Will nunca iria me perdoar se te
deixasse sozinha.
-- Que bom que veio.
Olhei no rosto de Sophia, não parecia que
estava sofrendo tanto quanto eu. Mas... a maneira que demonstramos o sofrimento
é relativo.
-- Tadinha. Deve estar sofrendo tanto.
Realmente é uma dor incalculável.
-- É.
Não queria conversar, que ódio não deveria
ter atendido a porta.
-- Mas, nós não adivinhamos o futuro.
Ninguém sabe o que vai acontecer! A culpa não foi sua.
-- Eu sei. Mas acho que eu deveria ter
feito mais, sei lá tentado alguma coisa.
-- Todos nós queríamos ter feito algo para
mudar a situação.
Dei de ombros.
-- Então, não vamos falar disso! Eu vim
aqui para te buscar, você virá comigo.
--O que? Ir para sua casa?
-- Isso mesmo.
-- Não, não. Não precisa se preocupar
comigo, eu estou bem.
--Annabethy, eu sei que o Will iria querer
isso tá? Você com a gente irá nos ajudar e te ajudar também. A união faz a
força. E é disso que precisamos agora, força.
-- Eu sei. Mas...
--Nada de, mas. Você vai comigo e pronto.
Só por um tempo, depois você pode voltar.
Eu não queria ir. Ficar na casa dele, ver
as coisas dele... não sei se seria o melhor. Mas Sophia tinha razão, um pouco
de companhia talvez me fizesse melhor.
-- Tá bom. Eu vou. Mas posso tomar um
banho antes?
-- Claro, fico te esperando.
-- Ok se quiser comer alguma coisa...
fique a vontade.
A igreja estava lotada. Minha família,
meus amigos tudo estava perfeito. E ele. Lindo me esperando no altar com aquele
sorriso encantador. Meu pai estava comigo me acompanhando, a valsa estava
soando.